Billie Eilish transforma músicas intimistas em hinos para multidão e faz show arrebatador no Lolla
Show prova que ela é principal cantora de sua geração. Americana abraçou bandeira do Brasil ao cantar ‘Billie bossa nova’: ‘Essa música é por causa de vocês’.
Com cara ameaçadora, postura imponente e a multidão na mão, Billie Eilish estreou no Brasil na noite desta sexta-feira (24). O show principal da 1ª noite do Lollapalooza 2023, no Autódromo de Interlagos, foi suficiente para mostrar que ela é a principal cantora de sua geração.
A cantora de 21 anos promoveu uma expansão: músicas originalmente intimistas e sussurradas, que pareciam feitas para o fone de ouvido, ficaram gigantes no Autódromo, com a ajuda do coro dos fãs desde o início, em “Bury a friend”.
Billie Eilish foi acompanhada de só dois músicos no palco. Eles tocaram bateria, teclado e alguns instrumentos. Grande parte das bases é eletrônica e pré-gravada. Mas também há partes acústicas. Assim como a cantora, eles passaram bem por tudo, de folk a trip-hop.
Billie Eilish bota o público para cantar com ela a música “I Didn’t Change My Number”
Mais que irmãos
Um dos acompanhantes foi seu irmão, Finneas, que cria músicas com ela desde quando Billie tinha 13 anos de idade e começou a gravar no quarto de casa.
Como a maioria das músicas é feita com arranjos de vozes sobrepostas, é impossível não ter playback no show. Mas a voz principal parecia ser quase sempre de Billie ao vivo.
Uma prova da força desse vocal foi quando Finneas foi ao seu lado e os dois tocaram, só com voz e violão, as baladas “I love you”, “Your power” e “TV”, com um mar de luzinhas de celular na plateia. Foi um encontro fofo de irmãos – e também uma das parcerias mais afiadas do pop atual.
“Billie Bossa Nova”, do álbum mais recente, apareceu um pouco antes da metade do show. A música faz referência ao estilo brasileiro, com um violão que lembra de longe o original carioca. Ela abraçou uma bandeira do Brasil e disse: “Essa música é por causa de vocês”. Uma pena que o telão mostrava dançarinos de tango.
Mais tarde, em “All the good girls go to hell”, o telão mostrou imagens de desastres ambientais e de protestos, inclusive em português. Um deles dizia que “se a floresta queima, todo mundo queima junto”. Outros pediam o voto dos jovens pelo socioambiental e lembravam a morte de ativistas no Brasil.
Imagem do telão de Billie Eilish com protestos ambientais em português — Foto: g1
Letra ameaçadora e cena cômica
“You should see me in a crown” é uma das partes impressionantes. No meio da música, Billie parou tudo e pediu para o público fazer seu enorme coro. A ameaça da letra (sobre o poder que teria a adolescente de coroa) virou fato consumado, prova da sua força.
A seriedade da música é quebrada por uma cena cômica. O show é todo cronometrado musicalmente, mas Billie não fica no automático. Ela espontânea, por exemplo, ao rir da própria cara congelada com expressão estranha no telão, que teve um problema durante “You should see me in a crown”.
Bilie também usou o poder sobre o público de formas manjadas. Em, “Oxytocin”, ela exigiu que todos se abaixassem e pulassem juntos. Em “Everything I Wanted”, pediu para os fãs se abraçarem. Mais cedo e mais tarde, rolaram coros de “Billie, eu te amo”.
Os dois maiores hits, “Bad Guy”, do primeiro álbum, e “Happier than Ever”, do segundo, foram emendados no final. A cantora corria e pulava de forma eufórica e segura ao mesmo tempo.
Billie Eilish interpreta ‘NDA’ durante o show no Lollapalooza
Após os gritos do encerramento, ativou o modo fofo e passou um bom tempo no canto do palco agradecendo e mandando beijos. Pouco antes, lembrou que o primeiro perfil de fãs que teve na internet foi brasileiro. Que volte mais, sem tango no telão.