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Ibovespa dispara mais de 4% e sobe aos 106 mil pontos, com inflação abaixo do esperado no Brasil

O principal índice do mercado de ações brasileiro avançou 4,29%, aos 106.213 pontos, no maior patamar desde fevereiro.

Por g1

Ibovespa, principal índice da bolsa de valores de São Paulo, a B3, disparou mais de 4% nesta terça-feira (11), à medida que investidores repercutiam o resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) abaixo do esperado pelo mercado.

Segundo analistas, os números reduziram a pressão na curva de juros, animando o mercado com a perspectiva de que uma queda de juros possa estar mais próxima.

Ao final do pregão, o Ibovespa avançou 4,29%, aos 106.213 pontos. Na máxima do dia, o índice chegou a 106.455 pontos. Veja mais cotações.

Na véspera, o índice teve alta de 1,02%, aos 101.846 pontos. Com o resultado de hoje, o Ibovespa passou a acumular alta de 4,25% no mês. No ano, no entanto, ainda acumula perdas de 3,21% no ano.

Sob o mesmo efeito da inflação abaixo do esperado e da perspectiva de que o Banco Central deve cortar a Selic antes do esperado, o dólar fechou em forte queda, de volta aos R$ 5.

O que está mexendo com os mercados?

O destaque da agenda hoje é interno, com o resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O indicador subiu 0,71% em março, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A expectativa de mercado era de alta de 0,77%.

Com isso, o país passa a ter uma inflação acumulada de 4,65% na janela de 12 meses. É o menor valor para 12 meses desde janeiro de 2021.

O grande destaque no mês foi aumento da gasolina, que subiu 8,33% e teve impacto individual de 0,39 ponto percentual no índice. Trata-se de um efeito da reoneração dos combustíveis, determinada pelo governo federal no fim de fevereiro.

O grupo de Transportes teve a maior alta do índice em março, com a subida de 2,11% no mês. O segmento registrou impacto de 0,43 ponto percentual no IPCA. Além da gasolina, o etanol teve alta de 3,20% em março. No acumulado de 12 meses, contudo, ambos têm quedas de 22,06% e de 19,28%, respectivamente.

O resultado do IPCA vem na sequência de um avanço de 0,84% em fevereiro — uma desaceleração, portanto.

Segundo o analista de investimentos da XP Leandro de Checci, o mercado estava “ávido” pelas indicações de que a inflação começa a arrefecer. Esse cenário, somado aos avanços dos últimos dias no arcabouço fiscal, ajudaram a impulsionar o Ibovespa nesta terça-feira.

“Além disso, também temos o fato de que o Ibovespa estava sendo negociado a níveis bem atrativos e mais baratos quando comparados à média histórica. E tudo isso sem contar o avanço das commodities que também ajudaram a formar o tempero certo para o resultado de hoje”, afirmou.

Vale pontuar, no entanto, que uma das principais preocupações dos economistas, o Índice Serviços do IPCA teve alta de 0,25% em março. Também é uma redução de ritmo relevante em relação a fevereiro, quando subiu 1,41%, mas a variação em 12 meses está acima do IPCA, marcando 7,63%.

“Os destaques são ativos mais ligados a juros, tendo em vista essa leitura de IPCA mais fraco em conjunto com o arcabouço fiscal, que também foi visto de maneira positiva pelo mercado”, diz Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos.

“O Brasil não havia aproveitado o momento de melhora nos ativos de risco, esperando o arcabouço. Agora, temos a recuperação de setores com peso no índice e que tinham voltado lá fora, como os bancos. Agora, com inflação mais baixa, varejistas e incorporadoras também se beneficiam com a queda de juros”, afirma.

O analista lembra que o dólar passa por um momento de fraqueza desde o chacoalho no setor bancário dos Estados Unidos, após a quebra do Silicon Valley Bank (SVB) e do Signature. Havia a perspectiva de que o Federal Reserve (Fed) fosse obrigado a parar a alta de juros para garantir a solvência das demais instituições financeiras.

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Mas dados fortes da economia americana colocaram a hipótese de lado. Na semana passada, por exemplo, a taxa de desemprego do país caiu para 3,5% em março, indicando força do mercado de trabalho.

Por isso, amanhã todos os olhos estão voltados para dados de inflação nos EUA, com economistas prevendo que os preços ao consumidor cresceram 5,2% em março na base anual, após aumento de 6,0% em fevereiro. No entanto, o núcleo dos preços deve ter subido 5,6%, um ritmo ligeiramente mais rápido em comparação com os 5,5% de fevereiro.

Qualquer dado forte no relatório de inflação deve alimentar apostas de que o Federal Reserve continuará elevando os juros em sua próxima reunião de política monetária, no início de maio. Atualmente, os mercados futuros já precificam cerca de 70% de chance de o banco central norte-americano subir sua taxa básica em 0,25 ponto percentual.

Na China, a inflação ao consumidor da China atingiu uma mínima em 18 meses e a queda nos preços ao produtor acelerou em março. Em contraste com as demais economias desenvolvidas, a demanda no país permaneceu fraca, reforçando o argumento de que as autoridades talvez precisem tomar mais medidas para sustentar a recuperação econômica depois do impacto da pandemia.

O índice de preços ao consumidor subiu 0,7% na comparação anual, o ritmo mais lento desde setembro de 2021 e mais fraco do que o avanço de 1,0% em fevereiro, informou o Escritório Nacional de Estatísticas nesta terça-feira. O resultado ficou aquém do aumento de 1,0% apontado em uma pesquisa da Reuters.

O índice de preços ao produtor caiu 2,5% em relação ao ano anterior, o ritmo mais rápido desde junho de 2020 e em comparação com uma queda de 1,4% em fevereiro. O índice registra recuo agora por seis meses consecutivos.

A inflação dos preços dos alimentos, um dos principais impulsionadores da inflação ao consumidor, desacelerou para 2,4% em relação ao ano anterior, de 2,6% no mês anterior. Na comparação mensal, os preços dos alimentos caíram 1,4%.

“O relatório de inflação da China em março sugere que a economia chinesa está passando por um processo de desinflação, o que aponta para um espaço maior para flexibilização da política monetária para impulsionar a demanda”, disse Zhou Hao, economista da Guotai Junan International, à Reuters.

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