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Avó que devolveu à Justiça o neto sequestrado pela filha diz: ‘Ela não é esse monstro’

Pai e avó paterna têm guarda da criança, que foi levada à força pela mãe em 23 de abril. A Justiça já expediu um mandado de prisão temporária contra ela e para duas tias paternas, que já foram detidas por terem ajudado no rapto da criança.

Por Brenda Bento, g1 Santos

A avó que devolveu o neto, de 5 anos, à Justiça, depois dele ter sido sequestrado e mantido em cárcere pela filha por 48 dias, disse que foi horrível o procedimento no Fórum de Santos (SP). Segundo ela, o menino não queria ficar perto do pai e avó paterna. A mãe da criança está foragida. Contra ela há um mandado de prisão temporária.

O garoto foi tomado à força das mãos da avó paterna, no momento em que era levado à escola. A mulher agarrou o filho e o colocou dentro de um carro — o motorista e outro homem que a ajudaram na fuga foram indiciados pelo crime.

“Chorou, gritou muito para mim. Não queria de jeito nenhum. Em nenhum momento ele chegou perto da avó [paterna] e do pai. Ele só chorava e foi chorando aos gritos”, disse a avó materna, Josefa Dalva Xavier dos Santos.

Josefa afirmou que a devolução do neto à Justiça foi uma orientação das advogadas criminalistas e da família, que defendem a filha dela, e estavam preocupadas com o bem-estar do menino.

“Ele estava ótimo e foi exatamente por isso que ela pegou o menino. Ele ficava com a avó aqui, não era diretamente com o pai. Ele só via o menino de vez em quando”, disse a mulher.

‘Não é esse monstro’

Questionada sobre como se sente com o fato da filha ser considerada foragida da Justiça, ela disse que é uma sensação horrível. “Ela não é esse monstro”.

Josefa disse que o pai sabe que o menino não quer ficar com ele e a avó paterna. “Ele está fazendo o menino sofrer e minha filha sofrer. É horrível o que ele está fazendo, é triste”.

A advogada criminalista Ingrid Amaral afirmou que, desde o início, a defesa da mulher acredita que a conduta dela não se enquadra no tipo penal de sequestro e cárcere privado.

“A intenção da mãe em todo momento é ter o zelo com a criança, cuidar da criança. A criança está estudando, então […] isso descaracteriza para nós, defesa, o crime de sequestro e cárcere privado”, disse a advogada.

Tias foram presas

A Polícia Civil prendeu as tias paternas do menino sequestrado em 28 de maio. Conforme apurado pelo g1, elas ajudaram a mãe que desapareceu com o filho após tomá-lo à força das mãos da avó paterna.

A Delegada Deborah Lázaro, da DDM de Santos, afirmou à equipe de reportagem que as duas mulheres, de 44 e 49 anos, foram presas pelos crimes de sequestro e cárcere privado após as investigações apontarem que elas ajudaram a mãe a sumir com o filho.

“Incentivaram essa mãe a arrebatar esse filho. […] arrumaram até uma pessoa [motorista indiciado] que a conduziu até São Paulo. Uma série de coisas que levaram a crer que elas tiveram uma participação ativa”, afirmou a delegada.

De acordo com Deborah, o pai do menino, Eduardo Cassiano, de 50 anos, tem outras filhas e as irmãs acreditam que ele não seria um bom pai para essas meninas. “Isso causou uma certa revolta nas irmãs”, disse a delegada.

De acordo com o boletim de ocorrência, as mulheres não quiseram prestar depoimento na delegacia. A Polícia Civil, então, cumpriu os mandados de prisão temporária [30 dias] e, em seguida, levou as irmãs à Cadeia Feminina de São Vicente (SP).

Indiciados

Os homens que auxiliaram a fuga da mulher foram identificados como Erivan Francisco da Silva, de 41 anos, e Maxwell Vegner Martins Nunes, de 38. A delegada Natalia Santos Batista Marcelino, que presidiu o inquérito policial, avaliou que ambos tinham conhecimento de que ela subtrairia o filho “de maneira escusa [evasiva] e violenta”.

De acordo com as investigações, Maxwell foi o motorista contratado para levar a mulher até o filho e, logo depois, à cidade de destino escolhida por ela. Erivan, por sua vez, aparece no vídeo de camiseta azul. Segundo o pai da criança, Eduardo Cassiano, esse seria um ex-cunhado da mãe do menino.

Entenda o passo a passo de como a mulher sequestrou o filho:

➡️Às 7h47, Erivan passou em uma moto pela rua do prédio onde o menino morava com a avó paterna.

➡️Um minuto depois, a mulher e Maxwell chegaram e estacionaram próximo ao edifício. Ao g1, a mãe disse que o homem que a esperava no carro não sabia de nada e era motorista de aplicativo. O vídeo e o inquérito apontam o contrário. Ela chegou no banco do passageiro e o rapaz a ajudou a subtrair o menino.

➡️Erivan encostou a moto ao lado do carro para conversar com a mulher e Maxwell. Eles gesticularam e apontaram para a direção do prédio onde o menino sairia.

➡️Em seguida, o ex-cunhado estacionou a moto e voltou a pé. Ele abriu a porta de trás do carro e continuou a conversa com a mulher e o motorista. Depois, Erivan se afastou e ficou andando nas proximidades do veículo.

➡️Às 8h, a avó saiu com o menino para levá-lo a escola, sendo surpreendida pela mãe dele. A mulher, vestida de vermelho, saiu do carro, pegou o filho pelo braço e ele chegou a cair. Ela o arrastou e, depois, levantou-o no colo, seguindo até o veículo. “A criança se jogava e gritava: ‘Vovó, vovó'”, disse o pai.

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➡️Assim que a mulher saiu do carro, Maxwell fechou a porta do passageiro e abriu a de trás para que a mãe conseguisse entrar com o filho.

➡️Quando a mulher retornava ao carro, Erivan se aproximou. Ele ficou entre ela e a avó do menino, impedindo que a idosa se aproximasse do neto.

➡️Depois, o motorista levou a mãe e o filho para cidade de destino escolhida por ela. Enquanto isso, Erivan ficou no local conversando com as testemunhas e com a própria idosa.

➡️A mulher não foi mais vista com a criança e é investigada pela Polícia Civil. Maxwell e Erivan foram indiciados por ajudá-la a subtrair o menor.

Angústia

Eduardo procura o filho, que foi levado à força pela mãe, que não tem a guarda. — Foto: Reprodução/TV Tribuna e Reprodução

Eduardo procura o filho, que foi levado à força pela mãe, que não tem a guarda. — Foto: Reprodução/TV Tribuna e Reprodução

O pai do menino, Eduardo Cassiano, de 50 anos, contou ao g1 q

Entenda o passo a passo de como a mulher sequestrou o filho:

➡️Às 7h47, Erivan passou em uma moto pela rua do prédio onde o menino morava com a avó paterna.

➡️Um minuto depois, a mulher e Maxwell chegaram e estacionaram próximo ao edifício. Ao g1, a mãe disse que o homem que a esperava no carro não sabia de nada e era motorista de aplicativo. O vídeo e o inquérito apontam o contrário. Ela chegou no banco do passageiro e o rapaz a ajudou a subtrair o menino.

➡️Erivan encostou a moto ao lado do carro para conversar com a mulher e Maxwell. Eles gesticularam e apontaram para a direção do prédio onde o menino sairia.

➡️Em seguida, o ex-cunhado estacionou a moto e voltou a pé. Ele abriu a porta de trás do carro e continuou a conversa com a mulher e o motorista. Depois, Erivan se afastou e ficou andando nas proximidades do veículo.

➡️Às 8h, a avó saiu com o menino para levá-lo a escola, sendo surpreendida pela mãe dele. A mulher, vestida de vermelho, saiu do carro, pegou o filho pelo braço e ele chegou a cair. Ela o arrastou e, depois, levantou-o no colo, seguindo até o veículo. “A criança se jogava e gritava: ‘Vovó, vovó'”, disse o pai.

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➡️Assim que a mulher saiu do carro, Maxwell fechou a porta do passageiro e abriu a de trás para que a mãe conseguisse entrar com o filho.

➡️Quando a mulher retornava ao carro, Erivan se aproximou. Ele ficou entre ela e a avó do menino, impedindo que a idosa se aproximasse do neto.

➡️Depois, o motorista levou a mãe e o filho para cidade de destino escolhida por ela. Enquanto isso, Erivan ficou no local conversando com as testemunhas e com a própria idosa.

➡️A mulher não foi mais vista com a criança e é investigada pela Polícia Civil. Maxwell e Erivan foram indiciados por ajudá-la a subtrair o menor.

Angústia

Eduardo procura o filho, que foi levado à força pela mãe, que não tem a guarda. — Foto: Reprodução/TV Tribuna e Reprodução

Eduardo procura o filho, que foi levado à força pela mãe, que não tem a guarda. — Foto: Reprodução/TV Tribuna e Reprodução

O pai do menino, Eduardo Cassiano, de 50 anos, contou ao g1 que ele e a avó da criança viveram um mês de angústia sem notícias do filho. O homem, inclusive, precisou ser afastado do trabalho como assistente de transporte rodoviário.

Eduardo disse acreditar que o menino não está indo para escola e praticando esportes, como costumava fazer quando estava em casa. “Eu juro que eu não sei o que ela pretende com isso. Vai viver foragida com uma criança de cinco anos? Tirou totalmente a criança da rotina”.

Ele afirmou ainda que não teve mais contato com a mulher desde o desaparecimento, mas acredita que ela não conseguiu sair do Estado de São Paulo por conta do mandado de busca e apreensão do menor, que foi expedido pela Justiça em 24 de abril.

“Eu sei que para ele deve ser importante o convívio com a mãe. Então, se ela me ligasse e quisesse conversar, eu até a ajudaria nas questões judiciais para não ser presa ou alguma coisa para ela voltar a conviver com o filho de forma normal”, finalizou ele.

De quem é a guarda?

Pai teme pelo bem-estar do filho após mãe tirá-lo à força das mãos da avó em Santos (SP) — Foto: Arquivo pessoal e Reprodução

Pai teme pelo bem-estar do filho após mãe tirá-lo à força das mãos da avó em Santos (SP) — Foto: Arquivo pessoal e Reprodução

O pai e a avó paterna estão com o menino há três anos. Eles obtiveram a guarda compartilhada provisória em 25 de janeiro após Eduardo entrar com a ação de regulamentação, com pedido de tutela antecipada, porque a mãe da criança havia ameaçado levar o filho para Aracaju (SE).

A mãe só tem autorização da Justiça para vê-lo com supervisão. Ela, inclusive, alega que resolveu tomar o filho à força após ser proibida de visitá-lo pelo pai e avó paterna do menino. Entretanto, Eduardo informou ao g1 que a mulher podia ver o filho quando quisesse.

Mãe disse que não vai devolver

A mãe contou à equipe de reportagem que pretendia devolver o menino ainda no dia 23 de abril, mas mudou de ideia e garantiu que vai ficar com a criança. A decisão, segundo ela, foi tomada após o homem fazer ameaças à família, acionar a Polícia Civil e a Justiça.

“Eu ia passar só o dia com ele e ia devolver de noite […]. Eu não vou mais devolver [o menino], ele é meu filho. Só [vou devolver] se a justiça vier e tomar”, afirmou a mãe da criança.

Ela se recusou a dizer à equipe de reportagem onde está com o filho, mas afirmou que o menino está bem. “Ele ficou um pouco assustado porque não tinha visto que era eu. Depois, ele ficou muito calmo e nem fala dele [pai]. Ele fala de mim e da avó [paterna]”, disse ela.

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