Caso Anic: polícia rastreia dinheiro de resgate investido em bitcoins e devolve para família
Polícia acredita que a advogada, que foi vista pela última vez em fevereiro, esteja morta. Ex-funcionário da família é apontado como mentor do crime. Quatro pessoas foram presas e são rés por extorsão mediante sequestro.
Por Henrique Coelho, g1 Rio
Policiais da 105ª DP (Petrobrás) encontraram parte do dinheiro pago pela família de Anic Almeida Peixoto Herdy para Lourival Correa Netto Fadiga, também conhecido como Gordo ou Fatica, que está preso e é réu pelo sequestro da advogada. Os recursos tinham sido investidos em bitcoins.
Anic está desaparecida desde o dia 29 de fevereiro. Segundo a investigação, Anic e Lourival mantinham uma relação amorosa. A polícia acredita que Lourival a sequestrou – ou simulou um sequestro -, recebeu o dinheiro do resgate e forjou uma carta de despedida dela para a família. Depois, segundo os investigadores, a advogada acabou sendo assassinada.
Após um trabalho de inteligência, parte do dinheiro pago pelo marido de Anic, Benjamin Cordeiro Herdy, de 78 anos, foi localizado. A quantia chega a quase R$ 800 mil, que vinha sendo investida em bitcoins. O valor foi devolvido.
Do total pago pela família — R$ 4,6 milhões —, outro montante foi gasto em um carro de luxo e uma moto, além de 950 aparelhos celulares, que seriam levados para a loja de Lourival, em Teresópolis, na Região Serrana.
Quatro pessoas foram presas e denunciadas pelo Ministério Público do Rio (MPRJ) e viraram rés por extorsão mediante sequestro.
Relembre o crime
A advogada foi vista pela última vez na manhã do dia 29 de fevereiro, depois de deixar um shopping em Petrópolis. Imagens de câmeras de segurança flagraram Anic chegando às 11h08 de carro no estacionamento.
Vinte minutos depois, ela está na praça de alimentação e depois segue por um corredor a caminho da saída. Ela deixa o local a pé, passa por uma calçada às 11h34 e atravessa a rua. Depois disso, não foi mais vista.
Para o MPRJ, o mentor do crime é Lourival Correa Netto Fadiga, que teve a ajuda do casal de filhos — Henrique e Maria Luiza Vieira Fadiga — e da amante — Rebecca Azevedo dos Santos — para sequestrar Anic e gastar parte do resgate.
Lourival trabalhava para os Herdy havia pelo menos 3 anos. Ele ganhou a confiança de Benjamim, marido de Anic, depois de dizer que era policial federal. No inquérito, no entanto, ficou comprovado que ele não fazia parte da corporação.
Os promotores acreditam que Lourival manipulou Benjamin, enviando mensagens falsas exigindo resgate e indicando contas bancárias para transferência dos valores. O funcionário também convenceu o marido a não chamar a polícia.
Em 11 de março, sob orientação dos sequestradores, Benjamin foi a um shopping na Zona Oeste do Rio, onde a mulher seria solta, enquanto Lourival deixaria R$ 680 mil em uma lixeira no Terreirão, no Recreio dos Bandeirantes.
Àquela altura, Benjamin já tinha feito 40 transferências, totalizando R$ 3,3 milhões, além de ter comprado 6,24 bitcoins, ou cerca de R$ 500 mil à época.
A polícia afirma que nesse dia Lourival nem sequer passou pelo Terreirão e foi direto para uma concessionária na Barra da Tijuca, onde comprou uma picape de R$ 500 mil em espécie e uma moto.
Também nesse dia, Benjamin recebeu uma mensagem do aparelho de Anic em que ela supostamente diz ter conhecido uma pessoa com quem fugiu e passaria a viver.
Segundo o MPRJ, Lourival era amante de Anic e a atraiu para um encontro no dia em que ela foi vista pela última vez.
Disque Denúncia pede informações sobre o paradeiro de Anic Herdy — Foto: Divulgação/ Disque Denúncia