Marinheiro preso por ajudar criminosos com drone armado tinha bunker em casa, mostra investigação; veja vídeo
Imagens exclusivas obtidas pelo Fantástico mostram que a Polícia Federal encontrou um bunker com sala subterrânea preparada como esconderijo para que Rian Mota pudesse passar vários dias no subsolo.
Por Fantástico
Uma investigação da Polícia Federal mostra que os criminosos estão investindo para aumentar e aperfeiçoar o uso de drones armados. Nesta semana, foi preso o militar da Marinha Rian Maurício Tavares Mota, que tinha ligação com líderes do Comando Vermelho, uma das principais facções criminosas do Rio de Janeiro.
A investigação teve acesso às conversas que revelam como o militar ajudou o Comando Vermelho a planejar e executar ataques contra milicianos e grupos rivais de traficantes na disputa por territórios.
O militar da Marinha morava no Complexo da Penha, na Zona Norte, numa das áreas dominadas pela facção criminosa. Imagens exclusivas obtidas pelo Fantástico mostram que a Polícia Federal encontrou um bunker dentro da casa dele, com uma sala subterrânea preparada como esconderijo e equipada para que ele pudesse passar vários dias no subsolo.
Procurada, a Marinha do Brasil afirmou, por meio de nota, que está à disposição para contribuir com a apuração dos fatos.
Os investigadores dizem que este não é um caso isolado e que outras investigações da PF identificaram que traficantes do Rio, de várias facções, já usam drones capazes de lançar granadas. Dizem ainda que essas informações foram compartilhadas com outras forças de segurança para que fiquem preparadas.
“Agora o policial tem que se preocupar com a Granada que está caindo do céu, né? Antes ele se preocupava só com um tiro que está vindo numa direção horizontal e agora tem que se preocupar, além das lajes, que é um procedimento normal, uma conduta de patrulha, se preocupar com o artefato explosivo fragmentado, que pode cair no meio de uma tropa e lesionar um sem-número de agente, além das da população local”, disse o delegado.
O Fantástico perguntou à Polícia Civil várias veze durante a semana sobre quantos casos já tinham sido registrados de granadas lançadas por drones e se há investigação em andamento, mas não houve resposta.
A Polícia Federal também encontrou registros de acompanhamento da movimentação policial no entorno de favelas controladas pelo Comando Vermelho. Rian enviava áudios para orientar a fuga dos traficantes.
Foi assim que ele conseguiu impedir que o chefe da facção fosse preso, numa operação realizada no início do ano. Mas, por ironia, o aparelho que ajudava nas fugas foi justamente o que colocou Rian na cadeia.
No material apreendido pelos investigadores há um vídeo que o militar fez do controle remoto do drone, onde mostra a imagem do rosto dele refletido na tela.
Em outra conversa interceptada, ele conta ao pai o que deve fazer caso seja preso.
“Então pai, resumindo: deu alguma coisa, o senhor já pode procurar por ele (advogado), entendeu? Mas não vai dar não. Se Deus quiser, vou continuar com a minha vida norma, tá? Valeu”.
O Fantástico não conseguiu contato com o advogado de Rian. O militar da marinha se considerava estratégico na facção.