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Como governo Trump, atos golpistas de Bolsonaro foram plantados muito antes das eleições, analisa professor da FGV

Reação bolsonarista ao resultado das urnas, segundo o professor da FGV-SP e coordenador do Observatório da Extrema-Direita Guilherme Casarões, segue a trilha do desfecho do governo Trump, que insuflou seus apoiadores na invasão ao Capitólio.

Por g1

Desde que foi anunciado o resultado das eleições presidenciais, apoiadores bolsonaristas têm bloqueado rodovias por todo o Brasil para contestar a derrota de Jair Bolsonaro nas urnas e pedir intervenção federal.

A reação bolsonarista, segundo o professor da FGV-SP e coordenador do Observatório da Extrema-Direita Guilherme Casarões, segue a trilha do desfecho do governo Trump. Ao contestar o resultado das urnas, o ex-presidente dos EUA insuflou seus apoiadores na invasão ao Capitólio de Washington.

Março/2020 – O presidente dos EUA, Donald Trump, fala com o presidente brasileiro Jair Bolsonaro durante um jantar em Mar-a-Lago em Palm Beach, Flórida, em 07 de março de 2020 — Foto: Jim Watson/AFP/Arquivo

“A diferença principal entre a baderna no Brasil e a baderna nos Estados Unidos é que aqui você tem um ímpeto golpista que é muito mais presente tanto ao longo do governo Bolsonaro, quanto na retórica do presidente, na retórica dos próprios apoiadores”, explica Casarões, analisando as semelhanças e as diferenças nos métodos de Trump e Bolsonaro. “A gente vê que essa baderna que estávamos esperando já vinha sendo preparada desde o início do mandato.”

“No caso dos Estados Unidos, o Trump falou de fraude eleitoral, ele contestou o resultado, os apoiadores estavam ali muito mobilizados. Mas não havia a mesma condição institucional para se falar em golpe no sentido estrito da palavra.”

Isso se justifica pela participação das Forças Armadas no governo federal, que embarcaram nos discursos de fraude eleitoral e se tornaram “cúmplices do processo” golpista – ao contrário dos EUA, onde os militares tiraram o corpo fora.

Em comum, Bolsonaro e Trump operam “na lógica da extrema direita”, de discurso ambíguo e radical para mobilização das bases, fundamentais no “apoio a seus projetos de poder” – mas que pode levar a condenações por crimes contra a democracia.

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