Brasil

O Assunto #993: EXTRA – Bolsonaro inelegível e o futuro bolsonarista

Por 5 votos a 2, os ministros do Tribunal Superior Eleitoral condenaram o ex-presidente pela prática de abuso de poder político e pelo uso indevido de meios de comunicação nas eleições de 2022. Desse modo, Bolsonaro (PL) fica inelegível para qualquer cargo público por 8 anos.

Por Natuza Nery, g1

Por 5 votos a 2, os ministros do Tribunal Superior Eleitoral condenaram o ex-presidente pela prática de abuso de poder político e pelo uso indevido de meios de comunicação nas eleições de 2022. Desse modo, Bolsonaro (PL) fica inelegível para qualquer cargo público por 8 anos. No TSE ainda tramitam mais 15 processos contra ele – que avalia recorrer ao Supremo Tribunal Federal. Para explicar o que acontece agora no campo político bolsonarista e as perspectivas para as próximas eleições, Natuza Nery ouve o cientista político e filósofo Marcos Nobre, professor do departamento de Filosofia da Unicamp, pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e autor do livro “Limites da democracia: de junho de 2013 ao governo Bolsonaro”.

  • Marcos Nobre avalia que o “bolsonarismo continuará operando porque é, sobretudo, uma organização digital”. Para ele, “o partido digital bolsonarista” deve continuar em atividade latente até as próximas eleições presidenciais, quando buscará “protagonismo político” e “hegemonia sobre a direita e a extrema-direita”;
  • Ele também aponta o sucesso da união entre este partido digital e o PL, legenda tradicional do Centrão, na eleição de 2022 – e como ela deve se manter. Para Marcos, Bolsonaro vai promover uma “guerrilha subterrânea” nessa aliança para manter sua influência e poder de decisão nas disputas eleitorais;
  • O analista político pondera que, mesmo com 25% da preferência do eleitorado, será difícil o ex-presidente fazer uma transferência direta de votos. “O bolsonarismo só vai conseguir funcionar ao criar um inimigo, e o inimigo será o governo Lula”, afirma. Mas, Bolsonaro obtiver sucesso, será um “grande cabo eleitoral”;
  • Marcos afirma que Bolsonaro tentará emplacar a imagem de “vítima do sistema” como uma comprovação de que sofre perseguição política e como modo de “reagrupar suas tropas”. “A luta contra o autoritarismo é uma luta de anos e não será resolvida rapidamente agora”, conclui o filósofo.